quinta-feira, 19 de abril de 2012

Diário de Bordo XV

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   É já com saudade que iniciamos o último Diário de Bordo. Os últimos três meses foram recheados de trabalho, é certo mas também de muitas peripécias engraçadas e momentos únicos.

   Enquanto turma, esta foi uma excelente oportunidade para desenvolver um espírito de cooperação e camaradagem, bem como estreitar laços de amizade. Esta é indubitavelmente a nossa maior vitória.

   O projeto levou-nos por caminhos desconhecidos para nós, que trilhamos a custo, mas acreditamos que com sucesso. Nomeadamente nos campos da escrita, quer da história de James e Constança, quer do nosso hino “ Agita o Douro com o Teu Olhar” (ver vídeo acima), instrumental de Pedro Abrunhosa (Se eu fosse um dia o teu olhar), e letra de Pedro Rocha, nosso colega, que é também a voz principal, é um cântico ao Douro e ao desenvolvimento sustentável.

   Em retrospetiva o caminho foi longo tortuoso e sem atalhos, tirou-nos horas de sono, fez-nos dores de cabeça, levou a acesas discussões, enfim hoje a despedida tem um sabor agridoce de alívio e orgulho por termos feito um bom trabalho, mas também a tristeza de nos despedirmos das personagens da história que entraram e se instalaram nas nossas vidas, e que deixaram a sua marca de forma indelével.

   No campo dos agradecimentos, a lista é longa: à direção da escola por nos ter lançado este desafio, à Coordenadora do Projeto e nossa Diretora de Turma, a Professora Isabel Moreira, por ter acreditado em nós, e ter sido uma ajuda preciosa ao longo de todo o projeto e igualmente à empresa Carlos Alonso- Douro Wine, que gentilmente patrocinou a compra das t-shirts alusivas ao projeto. Também fica aqui um agradecimento especial ao arqueólogo da Câmara Municipal de Alijó, Tiago Gomes, por toda a preciosa colaboração, bem como à Professora Clara Vaz Monteiro. Por fim e não menos importante, àqueles que nos seguiram tão dedicadamente, e connosco viram o projeto crescer, bem como a tantos outros que direta ou indiretamente contribuíram para o nosso sucesso

terça-feira, 17 de abril de 2012

Aqui fica um cheirinho...

"Felizmente, os trovões de maio não afetaram os processos de floração e fecundação das videiras, cada dia mais belas e provocantes, deixando antever um ano de boas produções. Como que acompanhando o desenrolar dos acontecimentos à sua volta, os bagos verdes, pequenos e duros, paulatinamente, aumentavam de tamanho, vestindo-se de um manto de glória, adquirindo tonalidades douradas ou avermelhadas."

domingo, 15 de abril de 2012

Levantar a ponta o véu...

"- Há muito, muito tempo, para castigar os homens – começou uma voz atrás de si  – Deus confinou-os a estas terras agrestes, hostis, escarpadas e inférteis. Enraivecido e determinado a contrariar os fados, o homem esforçou-se vigorosamente, porém a única coisa que conseguiu foram anos sucessivos de más colheitas. Até que, um dia, compreendeu que era inútil lutar contra Natureza, e que ganharia muito mais tirando partindo dela. Aproveitando as sinuosidades do terreno, o homem moldou os socalcos. Foi um trabalho árduo.            Mas a dureza do xisto não conseguia competir com a tenacidade destas gentes. Então, para recompensar a determinação dos homens, Deus abençoou esta terra com o melhor vinho do mundo".     

Que Douro em 2020? Fomos para a rua saber...

terça-feira, 10 de abril de 2012

"Que Douro em 2020?" Vamos perguntar a quem sabe...



No âmbito da apresentação do projeto projecto Geoturismo - Vale do Douro MapGuide em Alijó, já aqui referenciado e ao qual tivemos a oportunidade de assistir, consideramos pertinente entrevistar Jim Dion, gestor de programação para Turismo Sustentável da National Geographic Society (primeiro vídeo), e ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Alijó e presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro, o Dr. Artur Cascarejo (segundo vídeo), colocando-lhes a seguinte questão: "Que Douro em 2020?

Ambos se mostraram muito amáveis e prestativos, respondendo prontamente às questões colocadas. Por isso, dada a relevância do seu conteúdo não poderíamos deixar de partilhá-la com os caros leitores. 


segunda-feira, 9 de abril de 2012

Avanço Exclusivo...

"Logo à entrada, uma estátua de Baco desnudada em bronze recebia os visitantes. Foi também calorosamente recebido pela rececionista (uma rapariguinha vulgar que tentava ocultar o telemóvel debaixo do balcão) que o mirou de alto a baixo deliciada. 

- O que o traz aos domínios de Baco? – perguntou ela embevecida.
- Preciso de informações sobre os principais vinhos e castas regionais. – respondeu James tentando afugentá-la.
- Será melhor falar com um dos nossos enólogos e dar uma voltinha pela adega. Um momento, vou ver se alguém o pode atender.

Alguns minutos mais tarde ouviu-se o som passos a descer longa escadaria em caracol situada atrás do balcão. Percebeu pelo som que se tratava de mulher que usava sapato raso. “Curioso. – pensou ele – Não pensei encontra uma enóloga.” Quem quer que fosse tinha um passo firme e convicto, mas ao mesmo tempo leve e sensual. "

terça-feira, 3 de abril de 2012

Uma visão do Douro: Jim Dion, gestor de programação para Turismo Sustentável da National Geographic Society

"The Douro Valley is a stunning cultural and natural landscape with thousands years of history and a wealth of World Heritage sites. Tourism has played an important role in the development of the region as people from around the world flock to the terraced terrain to enjoy the birthplace of port wine and relish in the tranquility of the natural surroundings. 

Despite copious natural and cultural resources and a well-developed tourism infrastructure, the Douro Valley of Portugal has untapped potential to attract tourism revenue. At the same time, the very resources that characterize the region, demarcate the region as a World Heritage site, and are the greatest allure for travelers, must continue to be marketed in new and innovative ways while continually ensuring their protection."


O Vale do Douro possui uma deslumbrante paisagem cultural e natural com milhares anos de História e uma joia no conjunto de locais considerados Património Mundial.  O turismo tem desempenhado um papel importante no desenvolvimento da região:  pessoas de todo o mundo reúnem-se para desfrutar do berço do Vinho do Porto e se deliciar com a tranquilidade do ambiente natural. Apesar de rico em recursos naturais e culturais e possuidor de uma infraestrutura turística bem desenvolvida, o Vale do Douro  tem um potencial inexplorado para atrair receitas do turismo.


Ao mesmo tempo, os recursos endógenos que caracterizam a região e a demarcam como região como Património Mundial constituem o maior atrativo para os turistas, por isso deve-se continuar a desenvolver estratégias inovadoras de comercialização dos mesmos, garantindo a sempre sua proteção.

Eventos Marcantes

1678- A Alfândega do Porto regista, pela primeira vez, com a designação de Vinho do Porto, os vinhos exportados pela barra do Douro.

1703- Assinatura do Tratado de Methwen que facilitava a entrada dos nossos vinhos no mercado inglês.

1756- Fundação da Companhia Geral da Agricultura dos Vinhos do Alto Douro.

1907- Redefinição por João Franco, da Região Demarcada dos Vinhos Generosos do Douro, pelo Decreto-Lei n.º1 de Maio.

1926Criação do entreposto do Douro em Vila Nova de Gaia, destinado ao armazenamento e exportação dos vinhos da Região Demarcada do Douro.

1932 - Criação da Federação Sindical dos Viticultores da Região do Douro, actualmente designada por Casa do Douro.

2001- A UNESCO declara o Alto Douro Vinhateiro como Património da Humanidade.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Leia em primeira mão...

     “Douro. Há muito que não ouvia o doce som daquela palavra. Já quase se esquecera de como se pronunciava e mesmo no sotaque arranhado do filho lhe pareceu um coro de vozes angélicas. Como se poderia ter esquecido tanto tempo da sua amada terra?
  De um momento para o outro deu por si enleado por uma memória difusa. Lembrou-se de um dia de vindima. Após um dia de calor tórrido, uma trovoada abatera-se sobre a aldeia. Sim, até os trovões pareciam cantar de maneira diferente naquelas encostas. Refletidos no rio constituíam um espetáculo aterrador, porém, fascinante e grandioso. Lembra-se de o pai o ter pegado ao colo e correr encosta abaixo até um casebre. Ao entrar, foi de imediato invadido por um calor, um calor que se entranhava nos ossos e que desde que partira nunca mais voltara a sentir. A gordura que lacrimejava do fumeiro atiçava ainda mais as chamas.

     Esperava-os uma mesa colorida e farta, e o cheiro que dela emanava que seduzia os deuses. Ah! O pão! Nunca o seu paladar provara igual iguaria! Só de pensar naquele pão crocante e saboroso as suas pupilas gustativas ficavam em êxtase. Recorda-se ainda de ter pegado num naco de pão e metade de uma alheira e vir para fora assistir ao nascimento do arco-íris e respirara a doce fragrância da terra molhada.

     Perdido nesta nostalgia, José não se apercebera que o filho o chamava insistentemente: (…)”

domingo, 25 de março de 2012

Douro em Azulejos

 

Região Demarcada do Douro

 A Região Demarcada do Douro foi a primeira Região Demarcada e Reconhecida do Mundo. Foi criada no reinado de D. José I, pelo seu Primeiro-ministro Marquês de Pombal, porém a  sua criação só foi oficialmente  confirmada em 1921.
  Esta Região, também é conhecida como “Pais Vinhateiro” estende-se ao longo do vale do Douro e dos seus inúmeros afluentes, desde Barqueiros (concelho de Mesão Frio), até Barca d`Alva, numa área aproximada de 250.000 ha, abrangendo vários concelhos pertencentes aos distritos de: Vila Real; Viseu; Bragança e Guarda.

Subdivide-se em 3 zonas:

  • O Baixo- Corgo – É toda a margem direita do Rio Douro, desde Barqueiros até ao Rio Corgo. Na margem esquerda, desde a freguesia de Barrô até ao Rio Temi- Lobos, nas proximidades da Vila de Armamar.
  • O Cima-Corgo – Começa no Rio Temi-Lobos e vai até ao meridiano que passa no Cachão da Valeira.
  • O Douro Superior – Começa em Cachão da Valeira e vai até a fronteira Espanhola
RDD

quarta-feira, 21 de março de 2012

Lições Aprendidas


A visita de estudo de 2012-03-19 não só foi inspiradora e enriquecedora como também funcionou como um alerta para as nossas jovens consciências. O contacto com o nosso património edificado e natural despertou em nós o sentido de “identidade.” É lamentável, apesar dos esforços que têm sido encetados, porém, constrangidos pela falta de verbas, ver a nosso património, a nossa história esvair-se-nos por entre os dedos. Mais lamentável é a nossa atitude de desprezo e indiferença perante o galopante processo de deterioração e destruição desta herança. Pode parecer apenas um “monte de calhaus iguais a outros milhares que existem por esse Portugal”, contudo, esquecemo-nos demasiadas vezes que constituem os nossos alicerces (e quais são os melhores alicerces que não os de pedra?).
Conjetura-se na ficção científica, que nas hipotéticas viagens no tempo, que qualquer mínima alteração no passado comprometeria por completo o futuro. Com os “calhaus” acontece mais ou menos a mesma coisa: ao apagar o passado comprometemos a nossa identidade, as singularidades que nos distinguem no mar de povos.
Ao contrário do que querem fazer querer, tal não é inevitável. Nós podemos contornar esse futuro negro que insistem em impor-nos. Nós, jovens, mas também e acima de tudo os adultos, e os idosos que desempenham um papel fulcral neste processo.
Há uns “calhaus” na tua terra do “tempo em que as galinhas tinham dentes”? Não hesites em divulgá-los ao mundo. Põe um vídeo na internet, posta uma foto nas redes socias, passa a palavra. Insiste junto da população para que esse património seja devidamente classificado (se ainda não o é), torna-o a estrela da tua localidade.
Agita! Acredita!

Diário de Bordo XIV

Nota: não há concordância entre os factos apresentados e a data da sua publicação no blog. Por motivos que nos são completamente alheios não puderam ser publicados no respetivo dia do sucedido. O relato seguinte reporta-se ao dia   20 de março de 2012. 

Excecionalmente, a nossa reunião realizou-se na terça-feira à tarde (devido à visita de estudo). A visita de estudo particularmente inspiradora do dia anterior, deixou-nos cheios de ideias e forças e convicções  renovadas para prosseguir com a  nossa empreita. O nosso enredo aproxima-se vertiginosamente do seu clímax.  
Mas desengane-se quem pensa que a viagem  caminha para a reta final. Muito pelo contrário. O trabalho mal começou. 

Uma coisa é ter ideias; articulá-las e estruturá-las num texto narrativo é outra bem diferente. Porém, nada tememos. Herdamos o espírito forte daqueles que contrariando os fados, subjugaram a rebelde natureza destes montes escarpados transformando-os naquilo que hoje conhecemos como o Douro. 

Fiquem atentos às próximas postagens! Revelações supreendentes muito em breve!  

As famosas t-shirts

Numa das últimas postagens, assumimos o solene compromisso de mostrar aos excelentíssimos leitores que nos acompanham as t-shirts alusivas ao projeto. Estreamo-las na visita de estudo de 2012-03-19 (ver mensagem anterior). Modéstia à parte, estamos muito elegantes (eehhhh!!!). 


Foto do Grupo na Capela do Sr. de Perafita

terça-feira, 20 de março de 2012

Visita de Estudo ao Concelho (2012-3-19)

Depois de um período de intenso trabalho, esta visita de estudo revelou-se uma verdadeira bênção. Partimos da escola por volta das 9:00h na companhia do já nosso velho conhecido arqueólogo Tiago Gomes (a quem aqui fica o nosso reconhecimento pelas pacientes explicações fornecidas) que orientou a visita. O entusiasmo impregnava o ar. Nem o ar gelado de março nos retirou a alegria. Apesar de "desligados" das aulas, não poderíamos esquecer o nosso projeto, fazendo questão de "agitar" todos os locais por onde passávamos.  

Embora os pontos visitados já fossem sobejamente conhecidos por alguns, há pormenores que passam despercebidos ao olho amador e que só o olho treinado de um arqueólogo deteta e para os quais ele fez  questão de chamar a nossa atenção. 

Começamos por visitar o Castro do Pópulo (ver fotos abaixo) sito no aldeia do homónima, também conhecido poCastelo de São Marcos ou ainda pela designação de Castro da Touca Rota. 



Segunda linha de muralha do Castro











Este povoado fortificado situa-se na extremidade nordeste do planalto de Alijó e está classificado como Imóvel de Interesse Público. Data da Idade do Ferro sofrendo  posteriormente um processo de romanização.
É constituído por duas linhas de muralha, troços das quais ainda se encontram em excelente estado de conservação. 





Outra vista da muralha 

















No sopé, do lado acessível, localiza-se a Capela de S.Marcos. 




Um pouco mais abaixo, visitamos também a Capela da Sra. da Boa Morte.  






Daí zarpamos rumo à aldeia de Perafita, onde visitamos o complexo do Santuário do Sr. de Perafita constituído pela Igreja, a Torre Sineira, a Casa dos Milagres, Capela do Sr. dos Milagres e a Fonte junto à Capela. 


A Igreja - é um típico exemplar da arquitectura religiosa do 
 século XVIII. Apesar da profusão decorativa da fachada frontal, tanto o restante exterior como interior primam pela simplicidade.  
Pormenor da fachada da Igreja

Torre Sineira - situa-se entre a Igreja ea Casa dos Milagres. Destaca-se de edificações semelhantes pela sua singularidade, pois encontra-se separa da Igreja. Alguns subiram mesmo até ao sino. Em termos decorativos é muito semelhante à Igreja. 




Casa dos Milagres - destaca-se pela simplicidade das suas formas. Ainda continua a cumprir a sua função de abrigo para guardar as tábuas votivas e outros ex-votos. 

                                                           Interior da Casa dos Milagres 


Capela do Senhor dos Milagres - apresenta uma estrutura muito semelhante à dos outros dois edifícios e igualmente simples. Abriga  a imagem de Cristo no acto da crucificação.

A Capela vista a partir da Torre Sineira 

Via Romana que conduz à Capela

Fonte junto à Capela 

Apresentamos de seguida algumas perspetivas da vista da capela: 




Outros pontos de interesse:
Este relógio de sol encontra-se no telhado da Casa dos Milagres e é um dos poucos exemplares existentes no concelho.


Atentem as estas pedras arredondados e furadas ao centro. São únicas no concelho. Desde de há muito que são usadas nesta aldeia, criando ramadas ímpares. É pena que estejam a desaparecer!

De seguida, viajamos até ao complexo do Santuário da Nossa Senhora da Piedade (em Safins do Douro) para uma merecida pausa e para apreciar um belo repasto em alegre convívio.

Deixamos aqui uma amostra da idílica paisagem sobre o Douro. Mas, obviamente, nada como um aproveitar o fim de semana para dar lá uma escapadinha.




O dia terminou com a visita à ponte romana situada na mesma localidade.



Ainda que exaustos, sentimos que chegamos a casa trazendo na bagagem as recordações de um dia bem passado e uma cultura mais enriquecida. Claro que nada disto teria sido possível sem dedicação da Prof. Leonor Magalhães, da nossa Diretora de Turma e Coordenadora do Projeto, a Prof. Isabel Moreira e aos Professores Valdemar Reis e Cláudia Morais por nos terem acompanhado nesta aventura. Não fica esquecido o inestimável apoio da Câmara Municipal que gentilmente cedeu o transporte para todas estas andanças.